Pensar em setembro já é motivo de contentamento pois já posso cantar “a primavera está chegando.
E é aquele mês colorido que encherá nossos olhos de alegria pelas tantas flores de diferentes matizes.
Setembro também é chamado de amarelo, para conscientização da prevenção ao suicídio. E nesse aspecto, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) relata que em 96,8% dos casos de suicídio há componente mental, especialmente a depressão (10 lugar), seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Mais alarmante ainda é saber que a cada ano são registrados cerca de 12 mil suicídios no Brasil e mais de um milhão no mundo, especialmente em jovens.
Nossa, isso é realmente assustador! Não é? Falar de futebol e mulher é muito fácil, especialmente em mesa do bar. Mas tocar nesse assunto é realmente um tabu, e muito desconfortável pois é uma morte violenta, causadora de muita angústia e sofrimento para quem fica. E com certeza, quem tirou sua vida é porque estava vivendo em muito sofrimento e por vezes calado. Por isso, a importância de falar e falar sobre o tema suicídio e promover campanhas para ficarmos atentos quanto aos comportamentos de risco.
A ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – desde 2014, organiza o Setembro Amarelo®, fazendo campanhas nacionalmente, mantendo-as o ano inteiro, sendo que a cada ano vem ganhado espaço nas mídias, felizmente. O site oficial do setembro amarelo tem muitas matérias interessantes sobre o tema, entre eles: mitos, estigmas como um fator que atrapalha a campanha, os comportamentos suicidas, entre outros. Vale a pena dar uma lida nos textos.
De onde vem o setembro amarelo?
Conta a história que o setembro amarelo é uma homenagem a Mike Emme, que aos 17 anos foi encontrado morto por seus pais, dia 8 de setembro de 1994, dentro de seu Mustang 68, pintado previamente de amarelo brilhante por ele mesmo.
Mike deixou um bilhete para seus pais (Dale Emme e Darlene Emme), dizendo: “Não se culpem, mamãe e papai, eu te amo.” Estava assinado, “Com amor, Mike 11:45 pm”.
“Às 23h52, seus pais pararam na garagem atrás daquele Mustang amarelo brilhante – sete minutos atrasado!” Mike estava morto em seu mustang amarelo.
Em 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou o dia 10 de setembro como sendo o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, adotando a cor da Yellow Ribbon (fita amarela).
É tempo de falar sobre Setembro Amarelo.
Psi. Beatriz Farias Alves Yamada -PhD, MS
Psicoterapeuta Winnicotttiana
CRP 06/127735
Para baixar uma apresentação com mais detalhes sobre suicídio, toque aqui.
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Textos da história publicada no Yellow Ribbon – Suicide Prevention Program
“Fluxos de histórias começaram a surgir sobre a ajuda que Mike havia dado às pessoas. O carro de uma jovem mãe quebrou tarde da noite, deixando ela e seus dois filhos pequenos presos na beira da estrada. Mike parou e mostrou sua carteira de motorista para garantir que não iria machucá-los, ligou o carro dela e os acompanhou até em casa para garantir que chegassem com segurança”.
“Enquanto os adolescentes se reuniam para consolar a família e uns aos outros, eles discutiram a tragédia de perder Mike. A mãe de Mike conversou com os adolescentes sobre a criação de lembranças com as quais outros pudessem se lembrar dele, e eles decidiram que o amarelo seria usado em homenagem ao querido mustang amarelo. Em resposta aos adolescentes perguntando o que podemos fazer ?, – ela disse a eles, ‘não faça isso, não tente o suicídio’. ‘Se você estiver neste ponto de dor / desespero, peça ajuda’! As crianças faziam anotações e cartões eram feitos com a mensagem pedindo ajuda, que está tudo bem em pedir ajuda (Ask4Hel)! “Na noite anterior aos serviços fúnebres de Mike, seus amigos compartilharam sua dor e lágrimas enquanto pregavam 500 fitas nos cartões. Eles foram colocados em uma cesta em seus serviços. No final dos cultos, todos os cartões de fita sumiram, e poderia ter terminado então, mas não terminou, graças aos adolescentes com a coragem de fazer a diferença e uma família que se preocupa em ajudar os outros”.
“Um colega contou como Mike cancelou seu pedido de uma nova transmissão e comprou duas usadas no ferro-velho, para que seu colega também pudesse fazer seu carro funcionar.”
Fontes de consulta
https://www.setembroamarelo.com/ Acesso em 22/09/2020
https://yellowribbon.org/who-we-are/our-story.html Acesso em 22/09/2020
O suicídio é uma tragédia pessoal, porque a pessoa que o comete não consegue suportar a dor emocional que está sentindo, e também uma tragédia familiar, pois os familiares sentem-se frustrados, impotentes diante do fato, e muitas vezes ainda têm que lidar com a culpa por não terem percebido a intenção suicida do ente querido. Parabéns pelo texto Beatriz!